*Prof. Dr. Antônio Lopes de Sá
O progresso de uma profissão depende do compromisso que ela possui perante a qualidade do que apresenta e da utilidade que oferece face ao esclarecimento da verdade.
O cenário atual de um mundo no qual a velocidade da informação causa benefícios e malefícios muito depende de um enfoque realístico face aos efeitos que pode causar.
A propagação da informação envolve alta responsabilidade.
É preciso ter-se em conta, todavia, que o conhecimento humano tem níveis qualitativos distintos.
Saber a razão por que as coisas acontecem exige raciocínios.
Uma coisa é apenas observar, informar, e, outra é o entender e “explicar” como se sucedem os fatos.
A simples observação e o hábito de ver as coisas acontecerem é o que caracteriza o saber rudimentar ou empírico.
A observação seguida de: raciocínios lógicos, conhecimentos acumulados, experimentações e reflexões produz o conhecimento científico.
O saber humano iniciou-se, em todos os seus setores, de forma rudimentar e com o tempo foi-se tornando científico como fruto do progresso.
A Contabilidade seguiu esse curso, iniciando-se com simples registros, visando apenas a guardar a memória sobre os fatos.
Quando, todavia, iniciou-se a procurar entender o que representava o que havia sido anotado e demonstrado iniciou-se a buscar as razões dos acontecimentos do que se escriturava.
Foi nessa fase evolutiva de nosso conhecimento que se iniciou a era científica, na mesma época em que assim evoluíam a Química, a Física, a Economia, a Sociologia e outras ciências.
No início do século XX, quando amadureciam as Teorias em outros ramos, também a Contabilidade viveu a sua revolução doutrinária com o surgimento de diversas escolas de pensamento.
A que mais adquiriu adeptos e melhor enfocou a realidade foi a de Vincenzo Masi, ou seja, a do Patrimonialismo.
Foi nessa, também, que imprimiram evoluções grandes mestres de língua portuguesa como Francisco D Áuria, Frederico Herrmann Júnior, Hilário Franco, Jaime Lopes Amorim, principalmente.
O enorme progresso havido nos últimos cinqüenta anos exigiu, todavia, ampliação de visões e deu origem ao Neopatrimonialismo, fundamentado na primeira Teoria Geral do Conhecimento Contábil, tendo por base uma rigorosa lógica da ciência.
Um conjunto de esforços intelectuais (como ocorreu também na Física com Planck, Einstein e outros) fez surgir Teorias diversas, egressas de uma central (das Funções Sistemáticas do Patrimônio das Células Sociais).
Em menos de três décadas a nova doutrina ganhou corpo, aumentou em número de adeptos e hoje oferece subsidio para que se possam estabelecer modelos de comportamento do patrimônio, ajudando a decisão administrativa nas empresas e alimentando a pesquisa.
Como toda doutrina científica teve por lastro Axiomas ou verdades centrais das quais se derivam outras que ensejaram “proposições lógicas”.
Considerou que a riqueza não se move por si mesma, mas, não é inerte quanto ao seu poder de satisfazer a necessidade e que o objetivo dos empreendimentos é a prosperidade.
O Neopatrimonialismo contábil ensejou uma nova visão do estudo da Contabilidade, fundamentada na verdade sobre a transformação das riquezas quando utilizadas para promover o bem estar dos seres e das nações.
Por isso adotou um método fundamentado no “holismo”, ou seja, o que reconhece que um fato deve ser estudado considerando-se o ambiente em que se desenvolve.
O Neopatrimonialismo não é, pois, um método de escriturar, nem normativo de demonstrar, mas, uma doutrina científica que oferece condições para “saber pensar” em Contabilidade; é o caminho que oferece meios para o governo racional da riqueza dos empreendimentos através de um conjunto de conhecimentos racionais qualificados.
Tem sua forte aplicação, todavia, nas análises de situações, perícias, auditoria, consultoria, em suma em todos os campos que se alimentam de “realidades” e que precisam de “explicações sobre elas”.
*Autor: Antônio Lopes de Sá
Contato: lopessa.bhz@terra.com.br
Doutor em Letras, honoris causa, pela Samuel Benjamin Thomas University, de Londres, Inglaterra, 1999 Doutor em Ciências Contábeis pela Faculdade Nacional de Ciências Econômicas da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, 1964. Administrador, Contador e Economista, Consultor, Professor, Cientista e Escritor. Vice Presidente da Academia Nacional de Economia, Prêmio Internacional de Literatura Cientifica, autor de 176 livros e mais de 13.000 artigos editados internacionalmente.
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