Conheça 12 sinais de alerta nos indicadores financeiros e as soluções para tirar a empresa do vermelho

Dicas de Luiz Henrique Barbosa, diretor de Operações da W1 Business, ajudam o empreendedor a manter a saúde financeira dos negócios em dia

São Paulo, março de 2025 – Quem é empresário compreende a importância dos indicadores financeiros para entender se os negócios estão indo bem ou mal. Em 2024, houve recorde de recuperações judiciais no Brasil, que ultrapassaram 2.200 pedidos. Para este ano, especialistas projetam que esse número chegue a 2.600, de acordo com a gestora de recursos More Invest.

Mas apenas saber o que significam os dados do demonstrativo dos resultados e do balanço patrimonial são o suficiente para ter conhecimento se a saúde financeira da empresa está em dia? O diretor de Operações da W1 Business, Luiz Henrique Barbosa, separou 12 dicas que mostram os sinais de alerta e as soluções que podem ser adotadas para sair do vermelho.

1. Margem Bruta

A Margem Bruta é a parcela que sobra do faturamento depois de descontar apenas os custos diretos de produção ou aquisição de produtos/serviços. É um indicador de quanto o seu negócio retém de cada real vendido antes de cobrir as despesas operacionais.

Por que o número abaixo de 20% é um alerta?

Abaixo de 20%, sua margem já começa apertada e qualquer pequena variação nos custos (matérias-primas, mão de obra, etc.) pode “comer” o seu lucro. Sem essa “gordura”, o negócio fica vulnerável a oscilações do mercado.

O que fazer para melhorar?

• Rever políticas de preço: talvez seja hora de reajustar o preço de venda;

• Negociar custos: busque condições melhores com fornecedores e otimize processos de produção;

• Focar em produtos/serviços mais rentáveis: identifique o que gera mais margem e priorize essa linha.

2. Crescimento da Receita menor que a Inflação

É a comparação entre o aumento (em %) do seu faturamento e a taxa oficial de inflação do período.

Se a receita cresce abaixo da inflação, o poder de compra do seu faturamento está caindo. Em outras palavras, a empresa pode estar “encolhendo” mesmo que a receita nominal suba.

O que fazer para melhorar?

• Reavaliar a estratégia de vendas: ajuste preços e busque novos mercados/clientes;

• Investir em marketing e inovação: diferenciais competitivos podem justificar preços melhores e aumentar volume de vendas;

• Monitorar a inflação e repassar custos: se os custos sobem, parte desse aumento precisa ser repassado ao cliente para manter sua margem.

3. Margem Operacional

A Margem Operacional mostra o quanto sobra do faturamento depois de descontar custos e despesas operacionais (como salários, aluguel, marketing).

Por que o número abaixo de 3% é um alerta?

Abaixo de 3%, qualquer erro, atraso ou imprevisto pode anular o lucro. É como andar no limite do combustível: um desvio e você fica na mão.

O que fazer para melhorar?

• Reduzir despesas operacionais: automatizar processos, renegociar contratos e enxugar o que é desnecessário;

• Aumentar o ticket médio: vender mais para os clientes atuais ou oferecer produtos/serviços com maior valor agregado;

• Melhorar a eficiência: treine a equipe para produzir mais em menos tempo, aumentando produtividade e reduzindo custos.

4. Margem Líquida

É a porcentagem que de fato fica no seu caixa após todas as despesas, impostos e custos financeiros.

Por que o número abaixo de 0% é um alerta?

Se a margem líquida é negativa (menor que zero), você está operando no vermelho: não sobra nada, ou pior, há prejuízo constante.

O que fazer para melhorar?

• Rever estrutura de custos: entender cada gasto e cortar o supérfluo;

• Renegociar dívidas e prazos: diminuir custos financeiros e alongar prazos de pagamento;

• Aumentar receita bruta: buscar novos canais de vendas, lançar produtos ou serviços complementares;

5. Crescimento de custos e despesas maior que o crescimento da Receita

É a comparação entre o quanto seus custos e despesas (fixas e variáveis) estão subindo versus o quanto a receita está crescendo.

Se custos/ despesas aumentam mais rápido que as vendas, o lucro se esvai. No longo prazo, esse descompasso leva à queima de caixa e possíveis endividamentos.

O que fazer para melhorar?

• Otimizar processos: reduzir desperdícios e melhorar produtividade para estancar custos;

• Controlar despesas variáveis: ajustar produção e logística de acordo com a demanda;

• Planejamento orçamentário: definir metas claras para que as despesas não fujam do controle;

6. Índice de Cobertura

É o indicador que mostra quantas vezes o seu lucro operacional (antes de juros e impostos) consegue cobrir as despesas financeiras (juros e afins).

Por que o número abaixo de 1,5 é um alerta?

Abaixo de 1,5, significa que a empresa não tem folga para honrar dívidas e juros. Qualquer evento adverso pode travar o caixa.

O que fazer para melhorar?

• Renegociar prazos e taxas de juros: busque linhas de crédito mais baratas ou alongue as dívidas;

• Gerar mais lucro operacional: aumente a eficiência, corte gastos operacionais e melhore a margem operacional;

• Diminuir o grau de alavancagem: se possível, reduza o endividamento com pagamentos antecipados ou captação de recursos próprios/sócios.

7. Crescimento do Contas a Receber maior que a Receita

Refere-se ao quanto suas vendas a prazo (faturadas, mas ainda não recebidas) aumentam em relação ao crescimento das vendas totais.

Se o contas a receber cresce mais do que a receita, há risco de calotes, atrasos e falta de caixa. Dinheiro “preso” significa menos liquidez para a operação.

O que fazer para melhorar?

• Revisar prazos de recebimento: negociar condições melhores e não estender prazos excessivamente;

• Implementar políticas de cobrança: acompanhar de perto a carteira de clientes e cobrar ativamente atrasos;

• Oferecer incentivos para pagamento antecipado: descontos à vista podem acelerar o giro de caixa.

8. Crescimento dos Estoques maior que a Receita

É a comparação do aumento do valor em estoque (produtos acabados, matérias-primas) com o crescimento das vendas.

Estoque parado é dinheiro parado, e se aumenta mais que a receita, há risco de perdas (obsolescência, validade) e problemas de fluxo de caixa.

O que fazer para melhorar?

• Gerenciar estoque com base em previsões de vendas: usar ferramentas de planejamento e controle de inventário;

• Aplicar metodologias de produção puxada (Just in Time): produzir conforme a demanda para evitar excessos;

• Descarte ou liquidação de itens encalhados: transformar estoque parado em caixa para reinvestir.

9. Dívida sobre Patrimônio Líquido

É a relação entre o total de dívidas (curto e longo prazo) e o patrimônio líquido (capital próprio da empresa).

Por que o número maior que 1 é um alerta?

Se a dívida é maior que o valor do capital próprio, a alavancagem financeira está alta. Você pode estar trabalhando mais para pagar juros e credores do que para crescer.

O que fazer para melhorar?

• Refinanciar dívidas: buscar melhores condições, alongar prazos e reduzir taxas;

• Aumentar o Patrimônio Líquido: injeção de capital via sócios ou investidores;

• Gerar caixa para amortização: focar em resultados positivos e destinar parte do lucro para reduzir passivos.

10. Giro dos Ativos

É quanto de receita é gerado para cada real investido em ativos (máquinas, equipamentos, estoques, instalações, etc.).

Por que o número menor que 0,5 é um alerta?

Abaixo de 0,5, significa que para cada R$1 em ativos, a empresa gera menos de R$0,50 em vendas. Isso indica baixo aproveitamento dos recursos disponíveis.

O que fazer para melhorar?

• Reavaliar investimentos em ativos: talvez haja ativos ociosos ou pouco produtivos;

• Aumentar o volume de vendas: melhor utilização da capacidade instalada;

• Desinvestir em ativos subutilizados: vender equipamentos ineficientes ou que não geram retorno e aplicar o dinheiro em áreas mais rentáveis.

11. Necessidade de Capital de Giro maior que o Capital de Giro

Representa se os recursos de curto prazo (caixa, contas a receber, estoques) cobrem as obrigações de curto prazo (fornecedores, salários, impostos). Se a necessidade de capital de giro ultrapassa o que você tem disponível, há rombo.

Por que o saldo de Tesouraria menor que zero é um alerta?

Sem caixa suficiente, a empresa fica dependente de terceiros (bancos, cheque especial, investidores) para rodar a operação, aumentando custos financeiros e riscos.

O que fazer para melhorar?

• Aperfeiçoar gestão de caixa: manter controles diários de entradas e saídas;

• Renegociar prazos com fornecedores e clientes: equilibrar melhor os fluxos financeiros;

• Buscar alternativas de financiamento de curto prazo mais baratas: desconto de duplicatas ou linhas de crédito com juros menores.

12. Ativo Circulante menor que Passivo Circulante

Compara o quanto a empresa possui de bens e direitos de curto prazo (caixa, contas a receber, estoques) com o que deve pagar no mesmo período (fornecedores, impostos, salários).

Se o passivo circulante supera o ativo circulante, significa que as obrigações de curto prazo estão maiores que a sua “caixa potencial” para quitá-las. Isso pode gerar um efeito dominó de inadimplência.

O que fazer para melhorar?

• Reestruturar dívidas de curto prazo para longo prazo: diminuir a pressão de pagamentos imediatos;

• Manter reservas de emergência: ter folga de caixa para imprevistos;

• Aumentar a liquidez do ativo: converter estoques em vendas e reduzir prazos de recebimento.

Sobre Luiz Henrique Barbosa

Luiz Henrique Barbosa é diretor de Operações da W1 Business, onde é responsável por liderar a equipe direcionada aos serviços de consultoria empresarial para pequenas e médias empresas. Barbosa é co-fundador da be.finance e também professor na Fundação Dom Cabral e na PUC-Minas.

Sobre a W1 Inc.

Fundada em 2010, a W1 Inc. é uma empresa brasileira pioneira no mercado de consultoria financeira no País, com um modelo de negócio que ultrapassa 40 anos de track record na Europa. Desde sua criação, ajudou mais de 100 mil brasileiros a alcançarem seus objetivos financeiros.

O Grupo atua em toda a jornada financeira de seus clientes e possui seis áreas de atuação: a W1 Consultoria, que oferece uma gama de serviços para o planejamento financeiro de investidores pessoa física; W1 Capital, assessoria de investimentos vinculado à XP Investimentos; W1 Business, consultoria para pequenas e médias empresas, focada em planejamento financeiro e gestão corporativa; a W1 Holdings, especializada em gestão patrimonial e planejamento sucessório, e a W1 Corporate, divisão que atende as necessidades financeiras de empresas e empresários, provendo soluções de crédito; além da W1 Technology, braço tecnológico da W1 com foco em desenvolver soluções avançadas para planejamento financeiro por meio de aplicativo e plataforma SaaS.

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